segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pacto pelo professor

Retirado do site Todos pela educação

Para entendermos como a valorização do professor é imprescindível, basta observarmos como os países que estão hoje no topo da educação mundial chegaram lá - Mozart Neves Ramos

Mozart Neves Ramos*

Fechar a torneira do analfabetismo é um ponto central para o próximo governo. Toda criança deve estar plenamente alfabetizada até os 8 anos. É uma meta estratégica, pois as crianças estão chegando ao final das séries iniciais do ensino fundamental sem saber ler e escrever adequadamente. Um passo fundamental, nesse sentido, é criar um indicador nacional de alfabetização de crianças até os 8 anos de idade.

É necessário também um pacto nacional pela valorização do professor. Um pacto mesmo, puxado pelo presidente da República, pois a dimensão política da questão não é simples. Se fosse, a lei do piso salarial nacional do magistério, por exemplo, seria facilmente implementável, e até agora a gente não conseguiu implementá-la efetivamente. Além disso, as pesquisas mostram que nossos melhores alunos não querem ser professores, é carreira tida como sem prestígio social.

Para entendermos como a valorização do professor é imprescindível, basta observarmos como os países que estão hoje no topo da educação mundial chegaram lá. Esses países tornaram o magistério um objeto de desejo, atraindo os 20% dos jovens mais bem qualificados do ensino médio para essa carreira, tendo como primeira "isca" um salário atraente. Mas não pode parar por aí: tem que ter uma carreira promissora, pautada no mérito, no desempenho do professor, na sua formação e capacidade de formar alunos. Não pode ser carreira envelhecida, pautada só por tempo de serviço.

Esses dois aspectos - salário e carreira - não devem estar apenas na mesa do próximo ministro. Devem estar na mesa do presidente, pactuando com prefeitos e governadores essa grande revolução que é tornar a carreira do professor objeto de desejo no Brasil. A gente precisa ainda ter padrões mínimos de qualidade para a oferta educacional, isto é, um programa de certificação das unidades escolares. Colocamos as crianças na escola, mas, muitas vezes, sem as condições apropriadas. Há crianças que vão para escolas públicas com laboratório de ciências, informática, quadra poliesportiva, uma boa biblioteca e salas bem equipadas. Mas outras frequentam escolas sem nada disso. O que acaba criando uma espécie de apartheid educacional no país.

*Mozart Neves Ramos - Conselheiro do movimento Todos pela Educação

Fonte: O Globo (RJ)

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