sexta-feira, 15 de julho de 2011

Um comentário à entrevista da coordenadora do SEPE

A coordenadora geral do SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação) deu ontem uma entrevista para o RJTV 1ª edição e nela foram feitas algumas perguntas importantes para que fosse esclarecido para a sociedade o objetivo e os motivos do movimento grevista dos profissionais da rede estadual, que completa hoje 38 dias.

Embora eu considere que a coordenadora geral do SEPE, Beatriz Lugão, tenha se saído muito bem na entrevista que concedeu, gostaria aqui de complementar algo que, devido ao pouco tempo de entrevista, não foi devidamente explicitado pela coordenadora. Trata-se de complementar a resposta sobre dois pontos: o questionamento com relação à possibilidade de vínculo entre a continuação do movimento grevista e a filiação partidária dos coordenadores do SEPE e, também, o episódio da ocupação do prédio onde se localiza a SEEDUC - RJ (Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro).

Bem, quanto ao primeiro ponto, o fato é que não existe qualquer relação entre a filiação partidária dos coordenadores e a continuação da greve. Primeiro, porque a decisão de continuar a greve – ou não – é feita em assembleia do sindicato, a qual é aberta a todos os profissionais da educação, tanto para votar quanto para expor a sua posição sobre a pauta da assembleia. E a maioria esmagadora dos profissionais da educação do Estado não tem qualquer vínculo partidário. Em segundo lugar, porque o governo do Estado não atende às reivindicações que nos levaram a greve e nem apresenta uma proposta que satisfaça o movimento grevista, o qual, por isso, decide manter a greve de forma unânime desde o dia 7 de junho.

Sobre o episódio da ocupação da SEEDUC pelos profissionais da educação, não há razões para se considerar este ato excessivo, tendo em vista que o Secretário de Educação, Wilson Risolia, tinha fechado as negociações com o movimento grevista, o que pareceu demonstrar que ele não está dando a devida importância para os alunos que ficaram e ainda ficarão – caso isso não se resolva durante o recesso – sem aulas, sem contar as turmas da EJA (Educação de Jovens e Adultos) que tiveram suas formaturas adiadas por esta atitude do secretário. Além disso, o movimento não fez mais do que ocupar um lugar que o pertence (o que não configura invasão, como alardeiam alguns setores midiáticos) e pacificamente solicitar a presença do secretário Risolia para uma negociação com a categoria. E, depois do comprometimento de que tal negociação seria realizada, os manifestantes se retiraram sem maiores problemas para o prédio, mas com problemas, visto que foram atacados com spray de pimenta enquanto ocupavam a entrada do prédio. Ou seja, se tal ato não fosse realizado não haveria as negociações antes do fim do recesso e a probabilidade dos nossos alunos voltarem do recesso sem aulas seria ainda maior.

Diante disso, nota-se que o movimento grevista tem autonomia política e interesses que transcendem os próprios, já que, em última instância, a satisfação destes interesses corresponderá a uma melhor qualidade da educação das escolas públicas estaduais.

Rafael Monteiro – Professor da Rede Estadual em greve

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso! explicativo e direito ao ponto