terça-feira, 17 de abril de 2012

Cachoeira, Demóstenes e Veja: a rede da máfia brasileira

Por Alexandre Haubrich, do Jornalismo B

Entre as gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal, são mais de duzentas as conversas de Cachoeira com o editor-chefe da revista Veja

Mais do que mostrar relações promíscuas entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (DEM), as gravações divulgadas recentemente a partir da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, desenham Cachoeira como uma grande liderança da direita brasileira. Sim, é isso. Um contraventor influencia em todas as esferas da direita do país através de seus contatos nos partidos políticos e na mídia. Segundo Luis Nassif, entre as gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal, são mais de duzentas as conversas de Cachoeira com o editor-chefe da revista Veja, Policarpo Jr.

As conversas mais difundidas até o momento são as que incriminam Demóstenes Torres, mas a revista Carta Capital já publicou reportagem na qual demonstra também relações estreitas e a configuração de tráfico de influência envolvendo o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

A divulgação da íntegra dessas conversas, por sua profundidade e abrangência, pode ter o poder de um “pequeno Wikileaks” brasileiro. É a revelação contundente e inegável das negociatas envolvendo algumas das principais lideranças dos partidos da direita brasileira, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o veículo de mídia mais reacionário que temos no país.

A defesa dos acusados de favorecer os interesses de Cachoeira, em uma ampla rede que ligava a contravenção a algumas lideranças políticas e à mídia, tem se baseado no silêncio e na pretensa ilegalidade das escutas. Infelizmente para eles, não há forma melhor de defender-se do que tentando deslegitimar legalmente gravações que já destruíram moralmente os envolvidos.

Tem se falado muito nas “duas caras” de Demóstenes, defensor discursivo da transparência e da moralidade ao mesmo tempo em que trabalhava junto a Carlos Cachoeira recebendo apoio eleitoral em troca de ouvidos moucos para os negócios de jogo ilegal mantidos pelo bicheiro. Mas também vem à tona mais uma vez a face da revista Veja que a publicação do Grupo Abril insiste em ocultar. Bastião da moralidade na política, especialista em acusações de corrupção e ambiente de um jornalismo investigativo capaz de tentar esconder escutas em quartos de hotel, a Veja tem o nome de seu editor-chefe citado em uma gravação como um parceiro constante de Carlos Cachoeira, com quem “trocaria favores”, segundo explica o próprio contraventor. Além disso, as possíveis conversas entre Cachoeira e Policarpo Jr. ainda estão para serem divulgadas.

Não foi por acaso, então, que a Veja afastou de suas capas o caso mais falado na política brasileira nas últimas semanas. Se Cachoeira era manchete quando foi revelado seu envolvimento com Waldomiro Diniz e o PT, não o é quando as denúncias são mais profundas, tão profundas que chegam ao poderio midiático do Grupo Abril e às relações de troca de favores entre o editor-chefe da revista com maior tiragem do país e um homem exposto como líder das mais complexas maracutaias políticas.

Da mesma forma o assunto também não esteve nas capas da Isto É, que preferiu destacar nas últimas duas semanas “A nova fórmula do profissional de sucesso” e “Médico de bolso”. Na revista Época, uma capa, “O senador e o bicheiro”, e, na última edição, o tema foi substituído por “Os bairros mais cobiçados do Brasil”.

A Carta Capital comprou a briga, e nas últimas duas semanas destacou as relações entre Carlos Cachoeira e o governador de Goiás, Marconi Perillo. Teve consequências. Em Goiânia, parte da edição anterior despareceu. Como disse matéria da Rede Brasil Atual, “na capital governada pelo tucano houve um operativo para comprar todos os exemplares na manhã de domingo (1º), evitando que a denúncia circulasse. Segundo reportagem de Gabriel Bonis, Joel Luiz Datena, filho do apresentador José Luiz Datena e dono de uma rádio, foi um dos que tentaram adquirir mil exemplares de uma vez”.

É uma configuração de sistema mafioso que perpassa as instituições brasileiras, a começar pela mesma mídia que se pretende guardiã da moral, dos bons costumes e das demais instituições. Caiu mais uma máscara.

7 comentários:

Anônimo disse...

As máscaras vivem caindo. Mas a justiça oca do país nada faz. Não ousa decepar a prória mão ou costurar seus próprios bolsos. Veja o caso do tique tique nervosso que age em Valença.

Anônimo disse...

A postagem traz aspectos sobre os quais eu ainda não tinha me inteirado. Até então, o que me chamou atenção de fato, foram as duas faces do Demostenes. Como disse o Zuenir Ventura em texto publicado no O Globo - as faces do médico e do monstro. Sinceramente, acredito que se for mais fundo, poderemos compará-lo às Três Faces de Eva. Em Valença, alguém me disse isso quando me viu interessado nas duas do Demóstenes, pode-se garantir que o Guedes tem mais de dez. O Palmeiras, mais de seis. O JT, umas seis ou sete. Porém mais que a de uma certa caixa alta do gobierno, não tem. É mais malígna que qualquer Eva conhecida até então. Coisa de maluco. Nem o Vincentis aguenta ela. Se borra todo quando ela dita ordens. Doidinha mesmo. Pe Nosso!

Anônimo disse...

Dizem que só se fazendo de surdo para aturar. Qua-quá-quá.

Anônimo disse...

sábado, 21 de abril de 2012 | 18:21
A grande questão do escândalo Cachoeira é de ordem ética e moral.

Roberto Nascimento

Não se pode debater o caso Cachoeira querendo proteger um lado ou outro da questão, como se estivéssemos em um ringue ou num estádio torcendo por um clube do nosso coração.

A vida brasileira atingiu um estágio perturbador, perigoso e que pode se tornar incontrolável. É óbvio que a grande questão do escândalo Cachoeira é de ordem ética e moral.

Um homem público, Luiz Fernando Pezão, (vice-governador e ex-secretário de Obras) deu entrevista a um jornalista se defendendo sob a alegação de que é amigo de todos os empreiteiros. Incrível, fantástico e extraordinário.

As obras públicas, os fatos estão vindo a tona diariamente, deixaram de ser caso de polícia e viraram caso de sobrevivência nacional.

Enquanto os comentaristas defendem A ou B, até apaixonadamente, esse dinheiro desviado por tudo quanto é ralo público deixa de regar a educação e a saúde, áreas fundamentais para criarmos uma nação mais justa e equilibrada.

Essa é uma tarefa que precisamos cumprir, para que a nação não
pereça como ocorreu com a União Soviética, que foi retalhada em vários pedaços e antes potência mundial, agora a Rússia faz parte dos BRICS.

A continuar o status quo atual caminharemos para a dissolução nacional. Já há a guerra dos portos, a briga pelos royalties e outras demandas fiscais e irracionais referentes às transferências de recursos da União para os Estados.

Será que ao olhar seus filhos, sua esposa e se tiver netos, você poderá sonhar com uma vida melhor para eles. Nos seus sonhos mais lindos será que um anjo virá e dirá que combateu o bom combate em prol da honestidade, que lutou para que os ladrões apodreçam nas cadeias sujas e imundas de norte a sul do Brasil?

Ou então, teria um pesadelo vendo que tudo é assim mesmo e que não tem jeito de acabar com a corrupção desenfreada, que ou se junta a eles os corruptos ou não sobrará nenhuma herança para seus familiares?

Ninguém aguenta mais tantos governantes estúpidos, arrogantes, senhores de si, enquanto o chão em suas voltas está manchado de sangue, o sangue do trabalho nacional escorrendo pelos esgotos e o povo pobre morrendo de doenças simples por falta de atendimento médico nos hospitais.

E as crianças maltrapilhas pedindo um dinheirinho nos sinais de trânsito ou então dormindo nas marquises das Candelárias das grandes cidades, sem um mínimo de dignidade, de esperança e também sem poderem sonhar, porque precisam ficar alertas, senão podem atear fogo nos seus corpos.

Pensem nisso.

Anônimo disse...

Cachoeira vem que vem arrastando tudo pela frente.
Até Serginho Cabral,(tá ruim pro Jornal O GLOBO heim)vejam só, amigo e compadre do Cavendish DELTA.
Serginho DESAPARECEU.Foi visto no Vaticano reverenciando o Papa,pra trazer pro Rio a Jornada da Juventude.Certamente com o Cavendish.
Uma vergonha.Mas aí,não podemos nos esquecer tb que o representante do Serginho na Assembléia é o "nosso" deputado André,colados.Vai dizer que não sabia de nada,lógico.

Anônimo disse...

Guindas vai de cachoeira paulista.

Anônimo disse...

Um dos interlocutores do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, afirma que ele caiu na gargalhada ao ver a lista de parlamentares que fazem parte da CPI que o investigará no Congresso, informa a coluna de Mônica Bergamo, publicada na edição deste sábado da Folha