sexta-feira, 19 de outubro de 2012

S.O.S. Serra da Glória *

A Serra da Glória clama por socorro. Depois da frustrada tentativa de usar a maquina pública na campanha política, nossas autoridades chegaram a conclusão que as máquinas que foram levadas ao alto daquela serra, às vésperas da eleição, não serviriam para o trabalho de contenção do morro; e até hoje, enquanto escrevo essa coluna, pelo menos uma dúzia de famílias de lá não dorme em paz, sem antes fazer uma oração para que uma tragédia anunciada não acometa por cima de suas cabeças.

Um deputado estadual que está há quase duas décadas no Palácio Tiradentes soltou nota na Internet relatando as reuniões de gabinete que estão sendo feitas para uma ação emergencial. A mesma nota diz que a Defesa Civil de Valença já promoveu a remoção das famílias em risco e diz ainda que o terreno pertence a particular, ainda que há mais de 50 anos sirva de via pública daquela numerosa comunidade.

A meu ver (me advirtam se eu estiver sendo muito inocente), essas terras da Fazenda Santa Rosa deveriam ter sido desapropriadas há muito tempo, com justa indenização (aquela que o povo decidir por projeto de lei) ao seu proprietário.

A melhor solução, se a área já estiver condenada, é mesmo remover as 16 famílias em risco direto, com opção de indenização ou uma nova casa, por exemplo, naquelas do Cambota que o Governo Federal tá pagando.

A situação não é nova, no fim do ano passado a TV Rio Sul fez uma reportagem onde moradores denunciaram que o "aluguel social" que o Governo do Estado diz pagar não estava chegando ao bolso dos moradores. É óbvio que esse dinheiro não estava sendo investido em campanhas milionárias e farras nababescas com empreiteiros na Europa.


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 Passado o grito das urnas, ainda ecoam algumas conclusões:

1) Nunca o dinheiro falou tão alto na periferia da periferia - Valença - a ex-princesinha que hoje é uma Japerí sem trem, uma extensão mais pobre a por enquanto menos violeta que a Baixada Fluminense, graças à religiosidade e reza do nosso povo. A dinheirocracia não é uma exclusividade nossa, mas a desordem urbana, a (des)organização social caótica e a malandragem patológica das autoridades é uma marca carioca que o tempo não apagou. Somos uma sociedade deslumbrada gerida por engomadinhos e tecnocratas! Que inveja dos municípios da zona da mata mineira, pequeninos e limpos. Nunca fui tão municipalista e mais do que nunca é hora de emancipar e empoderar o povo das localidades de Conservatória, Santa Izabel e Juparanã.

2) O PSOL foi um partido que fez bonito nas eleições ao nível nacional, por ser um partido ideológico em defesa da luta de classes. Fez significativos vereadores entre os mais votados em Niterói, Rio, Salvador, Porto Alegre... tem chances de governar duas capitais (Belém e Macapá). No Rio, infelizmente Marcelo Freixo não foi ao segundo turno. Também pudera, se tem duas máquinas hoje imbatíveis no estado são o Governo do PMDB e a Máquina Tricolor de Fred e cia!

Agora um desejo pessoal: em que pese as desastradas declarações do prefeito eleito de Valença (sub-júdice) após a vitória, onde destilou um corolário de amargura e ataques aos adversários, o que leva o valenciano duvidar que o prefeito "durão" tenha amolecido aquele grande coração, torço sinceramente para que a vontade das urnas seja respeitada pela Justiça Brasileira. E torço ainda para que o doutor, se confirmada sua diplomação, tenha paciência e sagacidade de um líder estadista e republicano, não generalizando a oposição, uma vez que ele não é o governo dos 12 mil que nele votaram e sim da totalidade da população deste belo, mas castigado, município.

* (Artigo publicado no Jornal Local de 18/10/12)

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